SÃO PAULO EREMITA - Santos Eremitas

SÃO PAULO EREMITA 

do livro: Legenda Áurea/ vidas de santos


Paulo, o primeiro eremita, conforme o testemunho de São Jerônimo que escreveu sua vida, durante a violenta perseguição de Décio retirou-se para um vasto deserto onde viveu sessenta anos no fundo de uma caverna, totalmente afastado dos homens.

Esse Déceio teve dois nomes, sendo também conhecido por Galiano, e começou a reinar no ano do Senhor de 256.

Vendo os cristãos submetidos a toda sorte de suplícios, São Paulo fugiu para o deserto. Nessa mesma época, dois jovens cristãos foram capturados. Um deles teve o coropo inteiro untado de mel e foi exposto, sob o ardor do sol, às picadas das moscas, dos insetos e das vespas. O outro foi posto numa cama das mais macias, situadas num jardim encantador, onde uma temperatura amena, o mormúrio do scórregos, o canto dos pássarinhos, o cheiro das flores, eram embriagadores. Esse jovem foi amarrado com cordas da cor das flores, de sorte que não podia se valer nem das mãos, nem dos pés. Veio então uma rapariga belíssima e impudica, que impudicamente começou a acariciar o jovem, cheio de amor a Deus. Sentindo na carne movimentos contrários à razão, mas privado de armas para escapar do inimigo, ele cortou a própria língua com os dentes e cuspiu-a na cara da impudica, vencendo desta forma a tentanção pela dor e merecendo um troféu digno de louvores.

Preocupado com estes e outros tormentos, São Paulo foi para o deserto.

Santo Antão, que imaginava o primeiro a viver como eremita, foi prevenido em sonho que existia alguém muito melhor que ele na vida eremítica. Pôs-se então a procurá-lo através das florestas, onde encontrou um centauro, ser metade homem metade cavalo, que lhe disse que se dirigisse à direita. Logo depois encontrou um animal cuja parte inferior era de bode e a superior de homem, segurando alguns frutos de palmeira. Santo Antão conjurou-o em nome de Deus a dizer-lhe o que ele era.

O animal respondeu que era um sátiro, “deus” dos bosques conforme a errônea crença dos gentios. (estes animais e seres eram demônios que rondavam.) Enfim encontrou um lobo, que o levou à cela de São Paulo.

Mas este pressentira que Antão vinha, e como não queria encontrar ninguém, fechara a porta. Santo Antão rogou-lhe que abrisse, garantindo que caso o contrário não sairia dali, ficaria até morrer. São Paulo cedeu e abriu, e ambos se abraçaram. Quando chegou a hora do almoço, um corvo trouxe uma dupla ração de pão. Como Antão ficou admirado com aquilo, Paulo explicou que Deus o servia todos os dias faquele modo, mas que dobrara a porção em função de seu hópede. Seguiu-se um piedoso debate entre eles para saber quem era mais digno de partir o pão: Paulo queria conceder essa honra a seu hóspede, e Antão a seu decano. Por fim ambos seguraram o pão ao mesmo tempo e dividiram-no igualmente em dois.

Terminada a visita, quando Santo Antão já estava perto de sua cela, viu anjos levando a alma de Paulo. Apressou-se a renortar para lá e encontrou o corpo de São Paulo ajoelhado, como se orasse, parecendo estar vivo. Mas ao verificar que estava morto, exclamou:  
 
“Ó santa alma, você mostrou por sua morte o que era em vida”. 
 
 Como Santo Antão vinha desprovido do necessário para abrir uma cova, apareceram dois leões que a cavarame após a inumação retornaram à floresta. Santo Antão pegou a túnica de São Paulo, tecida com fibra de palmeira, e desde então passou a usá-la nos dias solenes. São Paulo Eremita morreu por volta do ano de 287.
 


  
(Santo Antão batendo na cela de São Paulo Eremita 
pedindo para entrar e conversar) 

(Santo Antão e o enterro milagroso de São Paulo Eremita. Os leões cavaram a sepultura de São Paulo e Santo Antão o enterrou e tomou sua túnica para si, para usar em solenidades e disse: “Ó santa alma, você mostrou por sua morte o que era em vida”. )

 
 

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